Como seres sociais, temos a capacidade de nos relacionarmos e assimilar diferentes percepções sobre um mesmo assunto, entretanto, em certos momentos, as próprias emoções podem ficar acima de uma decisão ponderada, deixando de lado o raciocínio frio e analítico essencial para a tomada de decisão. E aí fica evidente o encaixe de um tema bem conhecido no âmbito pessoal, porém que pode fazer a diferença na vida profissional: a inteligência emocional no trabalho.
Não se trata apenas de um conceito, tem aplicação no dia a dia, sobretudo ao identificar a gangorra de sentimentos com potencial para atrapalhar a realização das atividades e compromissos. Mas como alcançar a estabilidade emocional? É primordial que cada indivíduo compreenda que a inteligência emocional serve para identificar o que se está sentindo, os motivos disso, se tais sentimentos são pertinentes e a forma correta de lidar com eles.
Imagine o cenário onde as entregas profissionais sejam impactadas pelo ambiente conturbado ou de alta pressão, além de uma desvantagem competitiva, não saber como agir diante de frustrações ou balancear expectativas pode trazer impactos psicológicos.
“Uma pessoa que tem dificuldade de lidar com a frustração, com o ‘não’, uma expectativa que não foi realizada, vai ter um impacto psicológico significativo. Pode acabar resultando em algum transtorno, uma questão de agressividade, de impulsividade, de rejeição àquilo que não é o que ela espera, e aí, se eu queria uma coisa e não aconteceu exatamente como eu queria, tenho uma reação exagerada, um comportamento impulsivo e isso é muito perigoso”, afirma Gabriele de França, psicóloga (CRP 06/161972) e profissional de RH.
Tanto no cotidiano quanto na vida profissional, ter estabilidade emocional é um grande desafio, assim alguns buscam alternativas para realinhar a própria condição mental, seja com terapia, prática de esportes, meditação ou qualquer outra atividade. O elo entre corpo e mente passa a ser primordial para um estado profundo de reflexão e conhecimento de si mesmo, um ponto muito explorado em técnicas meditativas, com o uso da mindfulness para alavancar produtividade e consciência do momento.
“Desenvolver a inteligência emocional é algo que tem grande impacto, inclusive quando a gente fala friamente de uma questão de negócio, de números, de resultados, pois as pessoas que sabem lidar com as suas emoções e com as emoções alheias vão ter uma facilidade maior em relacionamento, em desenvolver as suas atividades apesar das adversidades”, indica a psicóloga, que, utilizando o farol de trânsito como exemplo, dá três passos para aplicar inteligência emocional na rotina e explorar a escuta ativa.
Vermelho: parar e analisar
“Parar e respirar, é muito importante esse exercício de autorreflexão: esse sentimento que eu estou sentindo vem de uma situação, eu posso mudá-la ou dependo de outras pessoas?”
Amarelo: a reflexão profunda
“Se eu puder mudar essa situação, qual será meu plano de ação, o que vou fazer? Se eu não posso mudar, o que posso fazer para que as outras pessoas modifiquem isso, ou então o que que eu posso fazer para mudar a minha percepção sobre isso, meu sentimento?”
Verde: outras perspectivas
“Buscar novas alternativas, fazer o exercício de, por exemplo, se colocar no lugar do outro. Existem técnicas da programação neurolinguística, inclusive, que nos permitem olhar essa situação toda por outra perspectiva. Eu tenho a minha visão da situação, tenho a visão de uma outra pessoa sobre essa mesma situação que estava gerando esse desequilíbrio e eu posso ter uma terceira pessoa que está observando de fora: o que que essa terceira pessoa diria?”
Escuta ativa: manter um canal aberto com o outro
“Para os relacionamentos em geral, uma outra dica que é fundamental, seja, novamente, profissional ou pessoal, é falar sobre escuta ativa: a partir do momento que a gente se dispõe a escutar alguém de forma verdadeira, genuína e aberta, a gente consegue entender melhor o que o outro está trazendo”.